// quinta-feira, outubro 19, 2006
Nunca pensei que diria isso, mas odeio escrever redações. Elas me parecem um tremendo desperdício de talento, uma prostituição. Eu não quero ser
avaliada pelo que escrevo, quero ser
admirada, pô!
Porque eu me considero uma escritora e não importa o que digam, continuarei acreditando nisso.
Então a professora pede pra escrever sobre temas pseudo-polêmicos e me entrega um passo-a-passo da redação. Ela afirma que escrever bem é uma questão de prática; as vozes em minha mente gritam que não, não, não!! é uma questão de talento! Meus colegas prestam atenção no blá-blá-blá, enquanto eu me seguro na cadeira pra não contestar a explicação.
Aula finalizada, vou conversar com a professora:
_Tem certeza que é
esse o esquema que devemos seguir? É que pelas coisas que eu li, esse passo-a-passo tá errado, tá muito... primitivo.
Ela me elogia, diz que eu sou ótima nisso, mas que nem todos são; por isso o esquema é bem simples, é mais uma espécie de treino.
_Hum... entendi.
Vou pra minha classe e começo a escrever. Detesto fazer por obrigação coisas que eu amo. Escrever é um hobby, um vício, uma necessidade, um consolo, uma diversão, não uma atividade escolar. Transformo minha indignação em argumentos furiosos, escrevo sem seguir padrão algum, minha redação parece um discurso. Entrego com total desprezo, sem ao menos revisar, envergonhada por ter me "vendido" por uma nota.
Dois dias depois, recebo a redação com um "10" e um monte de elogios. Agradeço diplomaticamente, me viro e rasgo a redação em 15 pedaços. Considero a pior coisa já escrita no mundo. Como você pôde fazer isso, Laís?! Você é uma escritora, não uma maldita aluna mediana que fica com os olhos brilhando por tirar uma notinha simbólica!
E daí minha terapeuta disse que eu tenho complexo de superioridade.
_Não, Márcia, eu não me acho superior a ninguém. As pessoas se acham inferiores a mim. Eu apenas concordo.
^^
Publicado por Laís Medeiros em 19:56
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