// sexta-feira, outubro 26, 2007
Que eu pareça estranha para os outros não é de se admirar. Eu entendo. Talvez eu seja um pouco diferente do que esperam, pra mim já não é novidade. O que me choca são as mudanças que me tornam uma estranha aos meus próprios olhos!
Já não falo, não escrevo, não faço questão de me comunicar. Já não sei como me portar, porque já não sei com quem estou lidando. Quem eu devo apresentar? A de sempre? A de hoje? A de amanhã? E quem mais vai aparecer nessa história? Quantas ainda estão escondidas?
Friso, repito, insisto: nem sempre mudanças são coisas boas.
Quase nunca.
Publicado por Laís Medeiros em 13:58
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// quarta-feira, outubro 17, 2007
Embora eu goste de declarar que pretendo morrer sozinha morando com 13 gatos, a verdade é que acredito no amor. Não nesse amor de novela, de cinema, de romance adolescente. Não pretendo achar "o homem da minha vida" ou "o pai dos meus futuros filhos". Mas sim uma companhia agradável.
Uma pessoa com quem você goste de conversar e que te faça rir, sem aquele desespero de posse e ciúme. Que torna a sedução mais uma brincadeira que um compromisso. Que compartilhe livros, músicas, idéias. Que se encontrem esporadicamente, quando der vontade, sem dia e horários marcados. Uma amizade colorida, que seja, chamem como quiserem.Ou melhor, não chamem.
Esse amor dispensa rótulos, títulos, conceitos (ou preconceitos). O amor que eu quero está acima disso. E se não estiver, certamente não será o suficiente pra mim.
Publicado por Laís Medeiros em 14:40
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// quinta-feira, outubro 11, 2007
Quando a vi, senti vontade de chorar.
Despedidas e reencontros não costumam me emocionar muito, por isso mal me reconheci. As palavras saíram descoordenadas, aquele incômodo nó na garganta me tirava a eloqüência...
Ela estava ali, como sempre esteve. Mas nesse intervalo mínimo de tempo em que se ausentou, senti sua falta de forma quase palpável. Em que momento a admiração vira afeto? Sempre a admirei, mas senti vontade de dizer que a amava, amava, amava. Não consegui. Quase não consegui sorrir.
Abatida. Menos do que na última vez que nos vimos, mas ainda assim seus olhos pareciam tristes. Talvez isso tenha gerado minha identificação. Sempre a admirei pela sua inteligência, audácia, pela rispidez de suas palavras, pelos seus argumentos convincentes e seu humor irônico, provocante. Agora me parecia tão frágil, tão indefesa. Percebi que era menor que eu. Que estava mais magra. E, mesmo tendo mais que o dobro de minha idade, fez aflorar todo meu instinto materno.
Consegui abraçá-la, apertado, e não queria mais soltar. Desejei poder protegê-la de tudo que lhe fazia mal, de qualquer coisa que lhe pudesse magoar. Eu poderia deitá-la no meu colo e passar horas ouvindo seus desabafos, passando meus dedos entre seus cabelos curtos e disparando conselhos baratos.
_Que bom que tu tá aqui!
E me calei, com a esperança de que com essa frase ela tenha entendido tudo que eu precisava falar mas não consegui. Talvez ela nunca saiba o quanto representa pra mim.
Publicado por Laís Medeiros em 18:59
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// domingo, outubro 07, 2007
Minha reação natural, a primeira, a mais espontânea, é a antipatia. Talvez depois eu perceba que estava enganada e que a coisa/ pessoa que repugnei é genial, mas para isso é preciso que me convençam. Não é preciso nenhum esforço pra receber meia dúzia de críticas e se tornar meu desafeto.
Não gosto de pessoas, no conceito geral. Há as exceções que me agradam imensamente. Nelas deposito montanhas de afeto e carência. Mas, na maioria das vezes, prefiro desprezá-las.
Queria ser sorridente e política. Gostar de todos até que me dessem um motivo para sentir o contrário. Procurar as pessoas, gostar de relações e convivências.
Mas prefiro os prazeres solitários. O olhar perdido, os livros, o silêncio, os devaneios. A presença de pessoas me priva disso tudo. Daí vem minha raiva. Impedir-me de ser quem sou é um bom motivo para se tornar um desafeto.
Publicado por Laís Medeiros em 11:45
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