// quarta-feira, fevereiro 28, 2007
Professor de física chega na aula e, contrariando minhas expectativas, ignora a revisão e inicia uma sessão de conselhos.
"É o último ano de vocês, pessoal. Vocês têm que se preparar pro vestibular."Começo a mascar meu Clorets com mais força, pra extravasar a tensão.
"Quem aqui pretende fazer um cursinho?"Ah, o maldito cursinho. Se ele não existisse, certamente 80% da baderna em sala de aula diminuiria... e as universidades seriam lugar pra pessoas inteligentes, não ricas. O Clorets quase vira migalhas entre meus dentes.
"Vocês têm que estudar pra passar na UFRGS, porque o mercado valoriza mais o profissional que se forma lá."Ah, então tá. E o teu jeito de nos ajudar é implantando esse preconceito ridículo em nossas mentes? Ô, psicologia... O Clorets perde o gosto.
"Eu não tô dizendo que um profissional que se formou numa faculdade privada seja pior que um da federal, mas esse é um critério avaliado pelas empresas..."Nesse ponto do sermão, cuidadosamente abri completamente a caixinha do Clorets, cuspi o chiclete mastigado ali dentro e providenciei um tubo de cola com meu colega.
Colei perfeitamente todos os lados da embalagem e guardei comigo.
Ainda não decidi se vou largar sutilmente no jaleco do professor em questão ou se vou enfiar na bunda do próximo que falar em vestibular-cursinho-UFRGS.
Uma bomba seria o ideal. Mas o chiclete mastigado vale pela intenção.
Marcadores: pressão, saco cheio, vestibular
Publicado por Laís Medeiros em 17:46
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