// quinta-feira, outubro 11, 2007
Quando a vi, senti vontade de chorar.
Despedidas e reencontros não costumam me emocionar muito, por isso mal me reconheci. As palavras saíram descoordenadas, aquele incômodo nó na garganta me tirava a eloqüência...
Ela estava ali, como sempre esteve. Mas nesse intervalo mínimo de tempo em que se ausentou, senti sua falta de forma quase palpável. Em que momento a admiração vira afeto? Sempre a admirei, mas senti vontade de dizer que a amava, amava, amava. Não consegui. Quase não consegui sorrir.
Abatida. Menos do que na última vez que nos vimos, mas ainda assim seus olhos pareciam tristes. Talvez isso tenha gerado minha identificação. Sempre a admirei pela sua inteligência, audácia, pela rispidez de suas palavras, pelos seus argumentos convincentes e seu humor irônico, provocante. Agora me parecia tão frágil, tão indefesa. Percebi que era menor que eu. Que estava mais magra. E, mesmo tendo mais que o dobro de minha idade, fez aflorar todo meu instinto materno.
Consegui abraçá-la, apertado, e não queria mais soltar. Desejei poder protegê-la de tudo que lhe fazia mal, de qualquer coisa que lhe pudesse magoar. Eu poderia deitá-la no meu colo e passar horas ouvindo seus desabafos, passando meus dedos entre seus cabelos curtos e disparando conselhos baratos.
_Que bom que tu tá aqui!
E me calei, com a esperança de que com essa frase ela tenha entendido tudo que eu precisava falar mas não consegui. Talvez ela nunca saiba o quanto representa pra mim.
Publicado por Laís Medeiros em 18:59
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